Aline de Sá
A idéia de criar
componentes eletrônicos de tamanho reduzido baseado na nanotecnologia já havia passado pela cabeça de
diversos pesquisadores e cientistas. Atualmente, alguns laboratórios e centros
de pesquisa já possuem recursos para desenvolver e criar objetos minúsculos,
invisíveis a olho nu, que podem chegar à impressionante dimensão de uma célula
humana.
De acordo com o professor do Instituto de
Física da Universidade Federal de Uberlândia Edson Vernek, a tecnologia ainda
está em desenvolvimento. “Hoje em dia não estamos no auge da nanotecnologia,
estamos em
desenvolvimento. Mas já está presente, por exemplo, nos
nossos transistores”, diz. Essa
nanotecnologia permite que os transistores sejam produzidos em menor escala. “O
primeiro foi do tamanho de um copo. Hoje o meu celular tem alguns milhões de
transistores. É a tecnologia que permite fazer esse tipo de coisa”, ressalta.
Os pequenos componentes já são
utilizados por diversas áreas tais como informática, medicina, cosméticos,
eletrônica, entre outras. Vernek explica que utilizando essa tecnologia, o cientista
pode construir o que não pode ser encontrado na natureza. A ideia da
nanotecnologia é que seja possível construir a matéria a nível molecular para
que ela desempenhe algum papel desejado. “Uma molécula natural é daquele jeito
porque ela foi naturalmente construída para desempenhar aquele papel, por
exemplo, as moléculas responsáveis por fazer a fotossíntese. Agora, se preciso
de uma molécula que desempenhe outros papéis e eu não as encontro na natureza,
a nanotecnologia me permitirá ir ao laboratório e construir uma molécula do
jeito que eu quero”, diz.
Mas afinal, o que é nanotecnologia?
A nanotecnologia é chamada assim por
desenvolver tecnologia em escala nanométrica. Mas o que afinal de contas é
isso? O prefixo nano significa
bilionésimo. Nanômetro é uma subdivisão do metro, assim como o centímetro e o
milímetro, ou seja, um nanômetro é 10-9 metro
de moléculas e átomos. Segundo pesquisadores, existe a necessidade de aumentar
a capacidade de processamento, sem aumentar o tamanho das coisas. Ao mesmo
tempo em que se aumenta a capacidade de processamento, reduz-se o tamanho.
Em solo brasileiro
Os investimentos na área de
nanotecnologia no país cresceram nos últimos anos. Entre 2001 e 2007 o governo
disponibilizou um incentivo de cerca de R$ 150 milhões para a pesquisa e
desenvolvimento desses componentes. Para o professor do Instituto de Física da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Edson Vernek, a nanotecnologia é uma
nova porta que se abre no processo de miniaturização. “Veja o quanto estamos
reduzindo o tamanho das coisas. Em algum momento vamos chegar à escala
atômica”, diz Vernek. Pela forma que as pesquisas caminham ela poderia até ser
chamada de ‘porta das esperanças’.
Em entrevista ao programa Trocando
em Miúdos, da Rádio Universitária, da Universidade Federal de Uberlândia, o
professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador-geral
de Micro e Nanotecnologia do Ministério de Ciência, Tecnoligia e Inovação
(MCTI), Adalberto Fazzio, comenta que os investimentos em nanotecnologia
partiram de uma iniciativa norte-americana. “No final de 2001, o governo
americano, na época Bill Clinton, percebeu a importância da nanotecnologia. E
os Estados Unidos lançou um programa que é a Iniciativa Nacional em Nanotecnologia
que foi fundamental. Segundo o pesquisador a área de cosmético é fortíssima. A previsão é que em 2015, os
investimentos na área de nano causem um grande impacto na economia global.
A nanotecnologia tem sido objeto de
pesquisa no Instituto de Física da Universidade Federal Uberlândia (Infis/UFU)
desde 1995. O professor e coordenador do Programa de Pós-graduação em Física do
Insfis, Roberto Hiroki, comenta que existem nove laboratórios no Instituto que
trabalham de forma direta ou indireta com o desenvolvimento de materiais em
geral, alguns em escala nanométrica.
Hiroki explica que as áreas de
pesquisa são divididas em teóricas e experimentais. Em particular, na área de
modelagem computacional é possível “construir” virtualmente os materiais,
aplicando as leis da mecânica quântica, e tentar descobrir novos efeitos.
Dentre as diversas pesquisas
realizadas no laboratório teórico, Hiroki destaca os trabalhos que envolvem
nanotubos de carbono, que são pequenas estruturas, invisíveis até mesmo para
microscópios ópticos, mas que possuem a maior resistência mecânica dentre todos
os materiais conhecidos. “Em função de suas qualidades, esse material está
sendo utilizado na produção de diversos componentes, substituindo outros materiais
que se tornaram inviáveis”, afirma o coordenador.
Os estudos do Infis nessa área tem
conexões que vão além das fronteiras. “Tem muitos laboratórios aqui, inclusive
o nosso, que está em rede com outros laboratórios do Brasil, inclusive alguns
laboratórios fora do país”, conta o professor Hiroki.




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