Aline de Sá
De
onde viemos? Por que estamos aqui? Será que estamos sozinhos na nossa galáxia?
Perguntas como essas são comuns quando começamos a pensar nos planetas e na
grandeza do universo. Os estudos realizados pelo homem ainda não conseguem
responder a essas perguntas - e pode ser que jamais consigam - mas a astronomia
pode nos ajudar a entender melhor qual a nossa posição em relação ao que existe
lá fora.
Existem muitas crenças
e mitos criados pelo homem em relação à influência dos planetas na vida na
Terra. Exemplos disso são as teorias tratadas na astrologia, uma pseudociência
que afirma que o movimento dos astros influencia diretamente na personalidade
do ser humano e no seu cotidiano. De acordo com Marcos Longhini, professor doutor em educação e responsável
pelo DICAstronômica (ver box), “ao mesmo tempo em que a astrologia ajuda a
divulgar a própria astronomia, porque fala da lua e dos planetas, ela trata
disso numa outra dimensão, não como ciência”.
A
astronomia é uma das ciências mais antigas do homem e possui uma relação
indireta com o nosso cotidiano, observa Longhini. Se analisada de um ponto de
vista mais abrangente, pode ajudar o homem a entender o lugar onde está, o
tamanho que possui em relação ao universo e até mesmo sua perspectiva futura.
“Eu acho importante saber qual tamanho nós temos (planeta Terra), que é
insignificante perto do todo. Há quanto tempo estamos aqui. Vamos ver que
estamos há pouquíssimo tempo. E mediante o que a gente estuda podemos ver qual
o nosso destino daqui a alguns bilhões de anos”.
Analisando pontos
mais específicos de como a astronomia pode interferir no dia-a-dia do homem,
Longhini aponta que existem estudos de previsão de impactos de meteoro na Terra, a partir dos quais o homem pode prever um
incidente no futuro. Além disso, as tecnologias
desenvolvidas para lançamentos de foguetes e satélites podem ser adaptadas para
o uso em equipamentos mais simples. “São aspectos que envolvem a astronomia e que acabam beneficiando a nossa vida”,
observa.
Realidade e mito
O
homem utiliza os planetas para explicar vários fenômenos naturais, mas até que
ponto os planetas realmente influenciam nos acontecimentos terrestres? Longhini afirma que a real interferência
seria na questão da lua com as marés, já que é fisicamente mensurável. “Agora,
não posso te afirmar, por exemplo, da lua possuir alguma interferência em
pescaria. Talvez possa ter, sim. Não sei se
alguns peixes vêm mais a superfície em noites que são mais claras. Tem alguma
relação? Pode ter. Já no crescimento dos
cabelos, não consigo ver essa relação e no nascimento dos bebês também não há.”
complementa.
Em
relação aos planetas que também compõem o sistema solar, Felipe Marcos Ferreira,
estudante do curso de Física da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e
monitor do DICAstronômica, acrescenta que o planeta Júpiter, por possuir uma
grande massa, possui um campo gravitacional importante para o planeta Terra. “Ele protege a terra de certos meteoros e
meteoritos que poderiam atingi-la. Desvia a rota e os atrai pra ele. Isso
também contribui pra vida na terra.”
Observando as estrelas
As
estrelas que observamos no céu hoje são luzes que percorreram durante anos até
alcançar o planeta Terra. Isso significa que as imagens que o ser humano é
capaz de enxergar podem ser de estrelas que já deixaram de emitir luz há muitos
anos. Ivair Ribeiro da Silva, estudante do curso de Física da UFU e monitor do
DICAstronômica, explica que a estrela mais próxima do planeta Terra, chamada
Centauri, está a uma distância de aproximadamente quatro anos-luz da terra. Se
Centauri deixar de existir hoje, levará quatro anos para que ela deixe de ser
vista na terra. Com o sol acontece o mesmo, “se o sol desaparecesse agora a
gente ia demorar 8 minutos pra saber que o sol desapareceu, que é o tempo que
leva para a luz chegar na terra”.
DICAstronômica
A
DICAstronômica faz parte do Museu Diversão com Ciência e Arte (Dica), do
Instituto de Física da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que tem como
objetivo a divulgação e popularização do ensino de ciência. A partir do ano de
2008, o professor Marcos Longhini, da Faculdade de Educação, a professora
Silvia Martins, coordenadora do Museu Dica, e o professor Eduardo Duzzioni,
ambos do Instituto de Física, conseguiram a aprovação de recursos pela Fapemig
para o projeto “Entre lentes, luzes e sombras: divulgando a Astronomia no Museu
de Ciências da Dica”, tornando possível adquirir os equipamentos: planetário inflável
e telescópios. Desde então foi criada a DICAstronômica.
De acordo com Longhini, o objetivo
da DICAstronômica é despertar o interesse das pessoas pela área de astronomia.
Ele explica que muitos dos visitantes nunca tiveram contato com os equipamentos
e chegam a confundir suas funções. Dentro do planetário, muitos acreditam que
vão observar os planetas em seu interior. “As pessoas acham que elas vão entrar lá e que elas
vão ver planetas. Mas na verdade é um equipamento que simula algo muito próximo
ao céu. O nosso equipamento é simples, mas ele
serve para entreter, para
despertar a curiosidade das pessoas e conhecer o que é o planetário.”
As visitas ao planetário e
observação dos telescópios ocorrem uma vez por mês. O agendamento de visitas
pode ser realizado pelo número 3230-9517. Mais informações sobre o
DICAstronômica no site do Museu Dica: http://www.dica.infis.ufu.br/.