A regra ainda mais clara

domingo, 7 de abril de 2013



Tecnologias chegam ao futebol e prometem acabar com os erros de arbitragem

Aline de Sá 




      A Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, marcou a história do futebol pela campanha a favor do uso das novas tecnologias nos jogos de futebol, para evitar erros de arbitragem. Em Bloemfontein e Johannesburgo, duas partidas de oitavas de final do mundial, entre Alemanha x Inglaterra e México x Argentina foram marcadas por erros evidentes da arbitragem. Se os equívocos não influenciaram diretamente nos resultados, contribuíram para os rumos que os jogos tomaram. Com isso, ficaram ainda mais veementes os pedidos para que replays fossem usados no esporte. 
  
    Os recursos eletrônicos já são usados em alguns esportes, mas não de forma indiscriminada. Em 2002, a NBA, liga de basquete dos Estados Unidos, passou a adotar o replay, para que os juízes confiram se um arremesso foi feito antes ou depois do fim da posse de bola de um time. Em 2006, a Federação Internacional de Basquete adotou a mesma regra. Outro esporte que permite o uso de tecnologias é o tênis. Neste caso, cada jogador tem o direito de desafiar a marcação dos juízes três vezes em cada set. No futebol americano o replay também é aceito, mas cada técnico tem direito a apenas dois desafios por jogo e só pode usá-los em situações específicas. 
 Bola com chip será utilizada na Copa das Confederações em 2013 e na Copa do mundo em 2014.  
     No futebol, a Fifa confirmou no final de abril deste ano a realização da segunda fase de testes para o uso de tecnologia na linha do gol. Mas no que consiste essa tecnologia? De acordo com o professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Marcelo Braga, são colocados três sensores no gol, um em cada trave, que definem um plano. “Esse plano fica em cima da linha do gol e dentro da bola você tem uma série de sensores em determinadas posições”. O professor explica que a medida que a bola vai girando, não se sabe qual sensor vai passar primeiro pelo plano. Quando todos eles passam por esse plano identifica-se o gol. “Por que três sensores nas traves? Porque todos os planos são definidos por três pontos, isso vem lá da geometria”, explica Marcelo. 
      Para ele, além dos sensores no gol e na bola, outra tecnologia que auxilia nas marcações é a televisão, através de replays e tira teimas. No tira teima o computador recebe informações das dimensões do campo, como o tamanho do gol, das linhas da grande área e das laterais do campo. Sabendo essas dimensões o computador consegue calcular a posição de cada jogador e a posição da bola, auxiliando na identificação de um impedimento, se a bola entrou no gol ou não e assim por diante.
 

Com a palavra, o jornalista

      O jornalista esportivo e apresentador do Globo Esporte no Triângulo Mineiro, Rogério Simões, é a favor do uso das tecnologias no futebol. Para ele, isso tornaria os campeonatos mais justos, a fim de que realmente vença o melhor. Em entrevista, Rogério expõe seu ponto de vista.

- Enquanto jornalista, qual a sua posição sobre a implantação de tecnologias nas partidas de futebol?
Rogério Simões: Olha, na minha opinião, em algumas ocasiões, em vários jogos que já foram noticiados na mídia, alguns times saem prejudicados. O árbitro tem frações de segundos para analisar aquele lance. Por mais que ele tenha o apoio dos assistentes, no fim das contas quem decide é ele. Então, vai agregar muito. Nós estamos sem essas tecnologias e a abertura pra ter problema é muito maior. Existe uma resistência ao novo, mas pelo meu ponto de vista vai deixar o campeonato muito mais justo, muito mais sério e com muito mais credibilidade.

- E por que você acha que, ao contrário dos outros esportes, existe tanta resistência à inserção de tecnologias, inclusive pela FIFA?
R.S.: Existe uma corrente que diz que você vai perder a emoção do futebol. Só que essa corrente não está levando em consideração que os times acabam sendo prejudicados. Às vezes um erro de arbitragem muda completamente o contexto de uma partida. Agora em relação do porquê a FIFA tem certas resistência, é algo muito difícil pra eu responder. Às vezes tem questões de outros interesses, que não ficam só no esporte. No entanto, só de aumentar o número de árbitros e aceitar o spray, a gente já observa que eles estão precisando evoluir também.

- Como você vê a inserção dessas tecnologias no Jornalismo Esportivo?
R.S.: Já é uma tendência. Todo mundo tem feito isso. Cada ano que passa, eles aparecem com um programa novo pra ajudar na análise dos jogos. Quem não gosta de jeito nenhum dessas análises táticas são os árbitros. Porque muitas vezes mostram alguns erros e a TV tem condições de analisar de observar, de usar os recursos tecnológicos. Já os árbitros não têm, né! 


Rogério defende que o uso de tecnologias é uma questão de adaptação



- Você acha que essas tecnologias comprometem a emoção de quem está acompanhando o jogo?
R.S.: Não! No basquete não tirou, no tênis não tirou, no futebol americano não tirou, apenas facilitou, deixou o jogo mais justo. Por que no futebol iria tirar? A emoção da partida está no desempenho dos atletas, dos jogadores, do preparo das equipes, de ver quem está mais preparado, mais capaz e mais apto. Eu não acredito que vai tirar a emoção, de maneira alguma. Eu acho que é uma questão de adaptação. 

- Quanto às torcidas, você acha que a tecnologia ajudaria a controlar e até evitar brigas dentro dos estádios?
R.S.: Esse é um ponto extremamente importante e eu acredito que sim. Porque o torcedor, na verdade, é um mestre em distorcer. Ele é extremamente passional, não assiste um jogo com a razão, mas sim com a paixão. Então, com a análise incontestável pelos recursos tecnológicos, com certeza vai ficar mais compreensível para que esses torcedores aceitem o que aconteceu ali, evitando essas questões de interpretação, que causam nervosismo, discussões entre as torcidas.

- Já que estamos falando dos árbitros, qual a sua opinião sobre a profissionalização da categoria?
R.S.: Eu acho que é uma conquista. É uma questão de valorização e de reconhecimento do trabalho desses profissionais. Do meu ponto de vista tende a trazer bons resultados. Eu acredito que realmente vai valorizá-los mais. Então com essa profissionalização, com esse reconhecimento, e aliada à melhora da remuneração, com certeza tenderemos a ter profissionais ainda mais comprometidos com o seu trabalho e ainda mais capacitados. ***



Expectativas

      A resistência pelo uso das inovações no futebol ainda existe, principalmente no Velho Continente. Mesmo aprovado pela FIFA, o spray ainda não é utilizado na Europa. No entanto, em anúncio oficial durante um evento no Canadá, o presidente da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), Joseph Blatter, divulgou que o chip para indicar se a bola passou ou não a linha de gol será usado na Copa das Confederações, em 2013, e no Mundial de 2014, ambos sediados no Brasil.
 



 

*** ERROS DE ARBITRAGEM ***


      Pequenas falhas podem gerar grandes conseqüências e no futebol isso não é diferente. Ao longo da história, decisões equivocadas dos árbitros e auxiliares definiram resultados de partidas e até mesmo de campeonatos. Um cartão vermelho mal aplicado, a marcação de um impedimento em um lance que daria origem ao gol do título ou até mesmo aquele pênalti inexistente no momento em que o time adversário era superior. Confiram o nosso TOP 5 dos maiores erros de todos os tempos, aqueles que fizeram mães de juízos serem ovacionadas nos estádios.



5. ESPANHA 0X0 CORÉIA DO SUL (3 X 5 NOS PÊNALTIS)

Campeonato - Copa de 2002 (quartas-de-final)

Data – 22/6/02

Estádio - Gwangju (Coréia do Sul)

Árbitro - Gamal Gandhour (Egito)

Na prorrogação, o atacante espanhol Fernando Morientes aproveitou um cruzamento do lateral Joaquin e cabeceou para o gol. Festa da "Furia", mas o bandeirinha disse que a bola cruzada saiu pela linha de fundo e anulou o lance. Mas a regra é clara: quando a bola não sai por inteiro, tá valendo!



4. BRASIL 2X1 ESPANHA

Campeonato - Copa de 1962 (fase classificatória)

Data – 6/6/62

Estádio - Sausalito (Viña del Mar, Chile)

Árbitro - Salvador González Bustamante (Chile)



O Brasil precisava de um empate para seguir na Copa, mas a Espanha abriu o placar aos 35 minutos do primeiro tempo. Para nossa alegria, o juiz anulou um gol de bicicleta do húngaro naturalizado espanhol Puskas. A irregularidade não aconteceu, mas ajudou o Brasil a conquistar o bicampeonato mundial.



3. SANTOS 1X1 BOTAFOGO

Campeonato - Brasileirão de 1995 (2º jogo da final)

Data – 17/12/95

Estádio - Pacaembu (São Paulo)

Árbitro - Márcio Resende de Freitas (Brasil)

Catastrófica. Assim foi a arbitragem na final do Brasileirão de 1995. O Botafogo saiu na frente com um gol de Túlio, claramente em posição de impedimento. O Santos empatou com uma “mãozinha” do juiz Márcio Resende. O lateral Capixaba ajeitou com a mão, a la Maradona, e tocou para Marcelo Passos marcar. Pra conquistar o título, o time da baixada santista precisava de mais um gol. E ele veio no finalzinho, com Camanducaia. Mas, para a alegria da torcida botafoguense, Márcio Resende anulou o gol, alegando impedimento inexistente.



2. ALEMANHA 4X1 INGLATERRA

Campeonato – Copa do Mundo de 2010 (oitavas de final)

Data – 27/06/2010

Estádio: Free State, em Bloemfontein

Árbitro: Jorge Larrionda(URU)

Após gol do atacante alemão Klose, o empate inglês sairia no minuto seguinte caso o árbitro Jorge Larrionda não tivesse cometido um dos erros mais graves em Copas do Mundo. Lampard chutou por cobertura, a bola explodiu no travessão, caiu dentro do gol, saiu e logo depois foi agarrada pelo goleiro Neuer. O árbitro uruguaio, no entanto, não confirmou o gol claro.


1. ARGENTINA 2X1 INGLATERRA

Campeonato - Copa de 1986 (quartas-de-final)

Data – 22/6/86

Estádio - Azteca (Cidade do México, México)

Árbitro - Ali Bem Naceur (Tunísia)

O clássico gol de mão de Maradona não poderia faltar no nosso TOP 5. Aos 6 minutos do segundo tempo, Dieguito saltou com o grandalhão goleiro Shilton. Com o punho esquerdo ganhou a dividida aérea e desviou a bola para as redes. E saiu comemorando. "Fiz o gol com a minha cabeça e a mão de Deus", disse o camisa 10 argentino após o jogo. Sem essa "mãozinha divina" — e do juiz Naceur, que não viu o lance —, a história da Copa teria sido bem diferente.

 
 

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