Tecnologias chegam ao futebol e prometem
acabar com os erros de arbitragem
Aline de Sá
A Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, marcou a história
do futebol pela campanha a favor do uso das novas tecnologias nos jogos de
futebol, para evitar erros de arbitragem. Em Bloemfontein e Johannesburgo, duas
partidas de oitavas de final do mundial, entre Alemanha x Inglaterra e México x
Argentina foram marcadas por erros evidentes da arbitragem. Se os equívocos não
influenciaram diretamente nos resultados, contribuíram para os rumos que os
jogos tomaram. Com isso, ficaram ainda mais veementes os pedidos para que
replays fossem usados no esporte.
Os
recursos eletrônicos já são usados em alguns esportes, mas não de forma
indiscriminada. Em 2002, a NBA, liga de basquete dos Estados Unidos, passou a
adotar o replay, para que os juízes confiram se um arremesso foi feito antes ou
depois do fim da posse de bola de um time. Em 2006, a Federação Internacional
de Basquete adotou a mesma regra. Outro esporte que permite o uso de
tecnologias é o tênis. Neste caso, cada jogador tem o direito de desafiar a marcação
dos juízes três vezes em cada set. No futebol americano o replay também é
aceito, mas cada técnico tem direito a apenas dois desafios por jogo e só pode
usá-los em situações específicas.
Bola
com chip será utilizada na Copa das Confederações em 2013 e na Copa do mundo em
2014.
No
futebol, a Fifa confirmou no final de abril deste ano a realização da segunda
fase de testes para o uso de tecnologia na linha do gol. Mas no que consiste
essa tecnologia? De acordo com o professor da Faculdade de Engenharia Mecânica
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Marcelo Braga, são colocados três
sensores no gol, um em cada trave, que definem um plano. “Esse plano fica em
cima da linha do gol e dentro da bola você tem uma série de sensores em
determinadas posições”. O professor explica que a medida que a bola vai
girando, não se sabe qual sensor vai passar primeiro pelo plano. Quando todos
eles passam por esse plano identifica-se o gol. “Por que três sensores nas
traves? Porque todos os planos são definidos por três pontos, isso vem lá da
geometria”, explica Marcelo.
Para
ele, além dos sensores no gol e na bola, outra tecnologia que auxilia nas
marcações é a televisão, através de replays e tira teimas. No tira teima o
computador recebe informações das dimensões do campo, como o tamanho do gol,
das linhas da grande área e das laterais do campo. Sabendo essas dimensões o
computador consegue calcular a posição de cada jogador e a posição da bola,
auxiliando na identificação de um impedimento, se a bola entrou no gol ou não e
assim por diante.
Com a palavra, o jornalista
O jornalista esportivo e apresentador do Globo Esporte no
Triângulo Mineiro, Rogério Simões, é a favor do uso das tecnologias no futebol.
Para ele, isso tornaria os campeonatos mais justos, a fim de que realmente vença
o melhor. Em entrevista, Rogério expõe seu ponto de vista.
- Enquanto jornalista, qual a sua posição sobre a
implantação de tecnologias nas partidas de futebol?
Rogério Simões: Olha, na minha opinião, em algumas ocasiões,
em vários jogos que já foram noticiados na mídia, alguns times saem
prejudicados. O árbitro tem frações de segundos para analisar aquele lance. Por
mais que ele tenha o apoio dos assistentes, no fim das contas quem decide é
ele. Então, vai agregar muito. Nós estamos sem essas tecnologias e a abertura
pra ter problema é muito maior. Existe uma resistência ao novo, mas pelo meu
ponto de vista vai deixar o campeonato muito mais justo, muito mais sério e com
muito mais credibilidade.
- E por que você acha que, ao contrário dos outros esportes,
existe tanta resistência à inserção de tecnologias, inclusive pela FIFA?
R.S.: Existe uma corrente que diz que você vai perder a
emoção do futebol. Só que essa corrente não está levando em consideração que os
times acabam sendo prejudicados. Às vezes um erro de arbitragem muda
completamente o contexto de uma partida. Agora em relação do porquê a FIFA tem
certas resistência, é algo muito difícil pra eu responder. Às vezes tem
questões de outros interesses, que não ficam só no esporte. No entanto, só de
aumentar o número de árbitros e aceitar o spray, a gente já observa que eles
estão precisando evoluir também.
- Como você vê a inserção dessas tecnologias no Jornalismo
Esportivo?
R.S.: Já é uma tendência. Todo mundo tem feito isso. Cada
ano que passa, eles aparecem com um programa novo pra ajudar na análise dos
jogos. Quem não gosta de jeito nenhum dessas análises táticas são os árbitros.
Porque muitas vezes mostram alguns erros e a TV tem condições de analisar de
observar, de usar os recursos tecnológicos. Já os árbitros não têm, né!
Rogério defende que o uso de tecnologias é uma
questão de adaptação
- Você acha que essas tecnologias comprometem a emoção de
quem está acompanhando o jogo?
R.S.: Não! No basquete não tirou, no tênis não tirou, no
futebol americano não tirou, apenas facilitou, deixou o jogo mais justo. Por
que no futebol iria tirar? A emoção da partida está no desempenho dos atletas,
dos jogadores, do preparo das equipes, de ver quem está mais preparado, mais
capaz e mais apto. Eu não acredito que vai tirar a emoção, de maneira alguma.
Eu acho que é uma questão de adaptação.
- Quanto às torcidas, você acha que a tecnologia ajudaria a
controlar e até evitar brigas dentro dos estádios?
R.S.: Esse é um ponto extremamente importante e eu acredito
que sim. Porque o torcedor, na verdade, é um mestre em distorcer. Ele é
extremamente passional, não assiste um jogo com a razão, mas sim com a paixão.
Então, com a análise incontestável pelos recursos tecnológicos, com certeza vai
ficar mais compreensível para que esses torcedores aceitem o que aconteceu ali,
evitando essas questões de interpretação, que causam nervosismo, discussões
entre as torcidas.
- Já que estamos falando dos árbitros, qual a sua opinião
sobre a profissionalização da categoria?
R.S.: Eu acho que é uma conquista. É uma questão de
valorização e de reconhecimento do trabalho desses profissionais. Do meu ponto
de vista tende a trazer bons resultados. Eu acredito que realmente vai
valorizá-los mais. Então com essa profissionalização, com esse reconhecimento,
e aliada à melhora da remuneração, com certeza tenderemos a ter profissionais
ainda mais comprometidos com o seu trabalho e ainda mais capacitados. ***
Expectativas
A
resistência pelo uso das inovações no futebol ainda existe, principalmente no
Velho Continente. Mesmo aprovado pela FIFA, o spray ainda não é utilizado na
Europa. No entanto, em anúncio oficial durante um evento no Canadá, o
presidente da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), Joseph
Blatter, divulgou que o chip para indicar se a bola passou ou não a linha de
gol será usado na Copa das Confederações, em 2013, e no Mundial de 2014, ambos
sediados no Brasil.
*** ERROS DE ARBITRAGEM ***
Pequenas falhas podem gerar grandes conseqüências e no
futebol isso não é diferente. Ao longo da história, decisões equivocadas dos
árbitros e auxiliares definiram resultados de partidas e até mesmo de
campeonatos. Um cartão vermelho mal aplicado, a marcação de um impedimento em
um lance que daria origem ao gol do título ou até mesmo aquele pênalti
inexistente no momento em que o time adversário era superior. Confiram o nosso
TOP 5 dos maiores erros de todos os tempos, aqueles que fizeram mães de juízos
serem ovacionadas nos estádios.
5. ESPANHA 0X0 CORÉIA DO SUL (3 X 5 NOS PÊNALTIS)
Campeonato - Copa de 2002 (quartas-de-final)
Data – 22/6/02
Estádio - Gwangju (Coréia do Sul)
Árbitro - Gamal Gandhour (Egito)
Na prorrogação, o atacante espanhol Fernando Morientes
aproveitou um cruzamento do lateral Joaquin e cabeceou para o gol. Festa da
"Furia", mas o bandeirinha disse que a bola cruzada saiu pela linha
de fundo e anulou o lance. Mas a regra é clara: quando a bola não sai por
inteiro, tá valendo!
4. BRASIL 2X1 ESPANHA
Campeonato - Copa de 1962 (fase classificatória)
Data – 6/6/62
Estádio - Sausalito (Viña del Mar, Chile)
Árbitro - Salvador González Bustamante (Chile)
O Brasil precisava de um empate para seguir na Copa, mas a
Espanha abriu o placar aos 35 minutos do primeiro tempo. Para nossa alegria, o
juiz anulou um gol de bicicleta do húngaro naturalizado espanhol Puskas. A
irregularidade não aconteceu, mas ajudou o Brasil a conquistar o bicampeonato
mundial.
3. SANTOS 1X1 BOTAFOGO
Campeonato - Brasileirão de 1995 (2º jogo da final)
Data – 17/12/95
Estádio - Pacaembu (São Paulo)
Árbitro - Márcio Resende de Freitas (Brasil)
Catastrófica. Assim foi a arbitragem na final do Brasileirão
de 1995. O Botafogo saiu na frente com um gol de Túlio, claramente em posição
de impedimento. O Santos empatou com uma “mãozinha” do juiz Márcio Resende. O
lateral Capixaba ajeitou com a mão, a la Maradona, e tocou para Marcelo Passos
marcar. Pra conquistar o título, o time da baixada santista precisava de mais
um gol. E ele veio no finalzinho, com Camanducaia. Mas, para a alegria da
torcida botafoguense, Márcio Resende anulou o gol, alegando impedimento
inexistente.
2. ALEMANHA 4X1 INGLATERRA
Campeonato – Copa do Mundo de 2010 (oitavas de final)
Data – 27/06/2010
Estádio: Free State, em Bloemfontein
Árbitro: Jorge Larrionda(URU)
Após gol do atacante alemão Klose, o empate inglês sairia no
minuto seguinte caso o árbitro Jorge Larrionda não tivesse cometido um dos
erros mais graves em Copas do Mundo. Lampard chutou por cobertura, a bola
explodiu no travessão, caiu dentro do gol, saiu e logo depois foi agarrada pelo
goleiro Neuer. O árbitro uruguaio, no entanto, não confirmou o gol claro.
1. ARGENTINA 2X1 INGLATERRA
Campeonato - Copa de 1986 (quartas-de-final)
Data – 22/6/86
Estádio - Azteca (Cidade do México, México)
Árbitro - Ali Bem Naceur (Tunísia)
O clássico gol de mão de Maradona não poderia faltar no
nosso TOP 5. Aos 6 minutos do segundo tempo, Dieguito saltou com o grandalhão
goleiro Shilton. Com o punho esquerdo ganhou a dividida aérea e desviou a bola
para as redes. E saiu comemorando. "Fiz o gol com a minha cabeça e a mão
de Deus", disse o camisa 10 argentino após o jogo. Sem essa "mãozinha
divina" — e do juiz Naceur, que não viu o lance —, a história da Copa
teria sido bem diferente.




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