Energias alternativas

segunda-feira, 8 de abril de 2013




Grupo de pesquisa da UFU é responsável pela análise da qualidade de energia no país

Aline de Sá 


As novas alternativas de geração de energia têm sido desenvolvidas e aplicadas em todo o mundo. Cientistas e pesquisadores buscam opções sustentáveis de eletricidade, que não acarretem grandes prejuízos ao meio ambiente. Seguindo essa tendência de  não agredir e preservar a natureza,  a grande aposta das investigações está nas energias renováveis  que nascem de fontes naturais como a água, o sol e o vento.
O Brasil conta com mais de 70 parques que produzem energia limpa e renovável. Os parques de geração de energias são ligados a redes, como por exemplo a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), para que possam fornecer eletricidade para a população. A instalação de uma nova usina pode comprometer o funcionamento da rede, e para que isso não aconteça, são realizados diversos processos avaliativos que identificam a qualidade da energia oferecida. O grupo de Pesquisa da Qualidade de Energia, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), é um dos responsáveis pela análise de novos parques elétricos no Brasil. De acordo com o professor José Carlos Oliveira, componente do Núcleo de Pesquisadas em Qualidade da Energia Elétrica, a energia precisa atender a um padrão específico, e a cada dia, há mais exigências para que a conexão seja realizada. “Se esses novos parques sofrem uma pane qualquer, a rede também é afetada. Essas empresas devem cumprir fielmente os critérios”, explica.
Existem estudos preditivos, baseados em indicadores de desempenho, que identificam quais são as possibilidades de problemas. O professor comenta que os grupos de análise trabalham com um “código de ética”, que indica os principais requisitos para que os parques façam parte da rede. “Essa análise é baseada em aproximadamente 12 critérios. Nós trabalhamos com o desenvolvimento de softwares e uma vez que o parque está pronto para produzir a energia, realizamos os estudos”, acrescenta.
A legislação que hoje indica esses critérios é aplicável no Brasil e no mundo. As usinas devem apresentar um Relatório de Impacto do Sistema Elétrico, com um laudo afirmando os possíveis níveis de impacto. “Esses resultados são comparados com os valores do regulamento. A partir disso, conclui-se se é possível regulamentar ou não o parque”, ressalta. Os critérios são diversos e compreendem questões técnicas. Um exemplo é a necessidade de constância no valor da tensão. “Se a lâmpada de uma residência estiver em uma rede de 220 volts e ela subir para 240 e depois baixar para 200, a iluminação irá oscilar, causando desconforto visual. Isso também pode queimar o aparelho. As pessoas pagam pelo produto e querem a qualidade”, explica.


Energias sustentáveis
De acordo com Oliveira, existem alguns tipos de energia que não apresentam tantos impactos ao meio ambiente. Entre as fontes de energia renováveis, a eólica (vento) e solar não interferem tanto quanto as usinas térmicas, que produzem uma grande quantidade de fumaça e resíduos. As usinas nucleares e de carvão mineral também geram preocupação, pois precisam dar uma destinação adequada ao material utilizado. “As usinas hidroelétricas, apesar de não causarem poluição ao meio ambiente, inundam terras férteis e desabrigam animais. Então é necessário buscar o equilíbrio entre a extração de energia e o impacto causado ao meio ambiente”, comenta.
Os parques eólicos utilizam equipamentos de 120 metros, com pás de mais de 30 metros. A tecnologia existe há algumas décadas, mas os equipamentos eram de alto custo, o que inviabilizava comercialmente esse tipo de instalação. “Hoje existe um incentivo do Governo Federal que garante a compra de energia. Mesmo que a instalação não seja barata, isso a torna lucrativa”, explica.
O estudo realizado pelo grupo esquisa da Qualidade de Energia da UFU trabalha direta e indiretamente com as questões ambientais. Além do barulho causado pelos equipamentos, muitas aves entram em choque com os aparelhos e morrem. “Precisamos avaliar o nível de comprometimento em relação ao benefício”, afirma o professor.
Existem outros grupos que realizam as análises no Nordeste, Rio de Janeiro e outros locais. Segundo Oliveira,  Minas Gerais possui uma forte liderança nesse aspecto. “Estamos formando o que chamamos de centro de excelência em estudos de impacto de novas conexões, com a UFU, Universidade Federal de Itajubá e Universidade Federal de Minas Gerais. Ainda é um projeto”, ressalta.


Futuro da energia eólica no Brasil
O Brasil ainda é embrionário em relação ao aproveitamento comercial da energia eólica. Em vários países da Europa, essa tecnologia tem um peso expressivo. “Nossa tecnologia é boa, mas a aplicabilidade é muito incipiente”, observa. O professor acredita que o mercado de energia, em alguns anos, estará interessante. “Não falo propriamente da energia eólica. As placas de aproveitamento solar não são mais utilizadas para esquentar chuveiro, mas sim para gerar energia”, acrescenta.
As usinas hidroelétricas ainda são mais atrativas em relação ao custo de instalação. Segundo Oliveira, ainda existem muitos recursos hídricos a serem explorados. “O pessoal fica relutante em utilizar uma tecnologia mais cara, mas se olharmos para o futuro, não temos dúvida que ele caminha para esse novo tipo de energia”, conclui.

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