Grupo de pesquisa da UFU é
responsável pela análise da qualidade de energia no país
Aline de Sá
As novas alternativas de geração
de energia têm sido desenvolvidas e aplicadas em todo o mundo. Cientistas e
pesquisadores buscam opções sustentáveis de eletricidade, que não acarretem
grandes prejuízos ao meio ambiente. Seguindo essa tendência de não agredir e preservar a natureza, a grande aposta das investigações está nas
energias renováveis que nascem de fontes
naturais como a água, o sol e o vento.
O Brasil conta com mais de 70
parques que produzem energia limpa e renovável. Os parques de geração de
energias são ligados a redes, como por exemplo a Companhia Energética de Minas
Gerais (Cemig), para que possam fornecer eletricidade para a população. A
instalação de uma nova usina pode comprometer o funcionamento da rede, e para
que isso não aconteça, são realizados diversos processos avaliativos que identificam
a qualidade da energia oferecida. O grupo de Pesquisa da Qualidade de Energia,
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), é um dos responsáveis pela análise
de novos parques elétricos no Brasil. De acordo com o professor José Carlos Oliveira, componente do Núcleo
de Pesquisadas em Qualidade da Energia Elétrica, a energia precisa atender a um
padrão específico, e a cada dia, há mais exigências para que a conexão seja
realizada. “Se esses novos parques sofrem uma pane qualquer, a rede
também é afetada. Essas empresas devem cumprir fielmente os critérios”,
explica.
Existem estudos preditivos, baseados em indicadores de desempenho, que
identificam quais são as possibilidades de problemas. O professor comenta que
os grupos de análise trabalham com um “código de ética”, que indica os
principais requisitos para que os parques façam parte da rede. “Essa
análise é baseada em aproximadamente 12 critérios. Nós trabalhamos com o
desenvolvimento de softwares e uma vez que o parque está pronto para produzir a
energia, realizamos os estudos”, acrescenta.
A legislação que hoje indica esses critérios é aplicável no Brasil e no
mundo. As usinas devem apresentar um Relatório de Impacto do Sistema Elétrico, com
um laudo afirmando os possíveis níveis de impacto. “Esses resultados são comparados
com os valores do regulamento. A partir disso, conclui-se se é possível
regulamentar ou não o parque”, ressalta. Os critérios são diversos e
compreendem questões técnicas. Um exemplo é a necessidade de constância no
valor da tensão. “Se a lâmpada de uma residência estiver em uma rede de 220
volts e ela subir para 240 e depois baixar para 200, a iluminação irá oscilar,
causando desconforto visual. Isso também pode queimar o aparelho. As pessoas
pagam pelo produto e querem a qualidade”, explica.
Energias sustentáveis
De acordo com Oliveira, existem
alguns tipos de energia que não apresentam tantos impactos ao meio ambiente.
Entre as fontes de energia renováveis, a eólica (vento) e solar não interferem
tanto quanto as usinas térmicas, que produzem uma grande quantidade de fumaça e
resíduos. As usinas nucleares e de carvão mineral também geram preocupação,
pois precisam dar uma destinação adequada ao material utilizado. “As usinas
hidroelétricas, apesar de não causarem poluição ao meio ambiente, inundam
terras férteis e desabrigam animais. Então é necessário buscar o equilíbrio
entre a extração de energia e o impacto causado ao meio ambiente”, comenta.
Os parques eólicos utilizam
equipamentos de 120 metros, com pás de mais de 30 metros. A tecnologia existe
há algumas décadas, mas os equipamentos eram de alto custo, o que inviabilizava
comercialmente esse tipo de instalação. “Hoje existe um incentivo do Governo
Federal que garante a compra de energia. Mesmo que a instalação não seja barata,
isso a torna lucrativa”, explica.
O estudo realizado pelo grupo esquisa
da Qualidade de Energia da UFU trabalha direta e indiretamente com as questões
ambientais. Além do barulho causado pelos equipamentos, muitas aves entram em
choque com os aparelhos e morrem. “Precisamos avaliar o nível de
comprometimento em relação ao benefício”, afirma o professor.
Existem outros grupos que realizam as análises no Nordeste, Rio de
Janeiro e outros locais. Segundo Oliveira, Minas Gerais possui uma forte liderança nesse
aspecto. “Estamos formando o que chamamos de centro de excelência em estudos de
impacto de novas conexões, com a UFU, Universidade Federal de Itajubá e Universidade
Federal de Minas Gerais. Ainda é um projeto”, ressalta.
Futuro da energia eólica no
Brasil
O Brasil ainda é embrionário em relação ao aproveitamento comercial da
energia eólica. Em vários países da Europa, essa tecnologia tem um peso
expressivo. “Nossa tecnologia é boa, mas a aplicabilidade é muito incipiente”, observa.
O professor acredita que o mercado de energia, em alguns anos, estará
interessante. “Não falo propriamente da energia eólica. As placas de
aproveitamento solar não são mais utilizadas para esquentar chuveiro, mas sim
para gerar energia”, acrescenta.
As usinas hidroelétricas ainda são mais atrativas em relação ao custo
de instalação. Segundo Oliveira, ainda existem muitos recursos hídricos a serem
explorados. “O pessoal fica relutante em utilizar uma tecnologia mais cara, mas
se olharmos para o futuro, não temos dúvida que ele caminha para esse novo tipo
de energia”, conclui.




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